terça-feira, 2 de outubro de 2012

Reforma Protestante (Estudo Dirigido)

A venda de indulgências, pintura de Augsburg, cerca de 1530.

 No séc. XVI, surgiram várias Igrejas Protestantes na Europa. Os motivos pelos quais elas surgiram foram muitos, variando de país para país. Entre as principais questões que caracterizaram o processo de reformas religiosas podemos destacar:

1) Questões religiosas:

A Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos elementos do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais, deixavam a população insatisfeita. Além disso, práticas como venda de indulgências (perdão) e de relíquias sagradas, desmoralizavam ainda mais o clero.

2) Questões econômicas:

A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos.
Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências e relíquias sagradas, assim como era dona de bens e terras.

3) Questões políticas:

No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois este interferia muito nos comandos que eram próprios dos Estados.

4) Questões culturais:

O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista, começava a ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo. Um pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão.

- As “reformas” na Europa

*A Reforma Luterana

Local: Sacro Império Romano Germânico (Alemanha)
Formulador: Martinho Lutero
Questão principal da reforma: religião
Apoio: nobreza

 O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica. Afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam vários pontos da doutrina católica (1517).
As 95 teses de Martinho Lutero condenava a venda de indulgências e propunha a fundação do luteranismo ( religião luterana ). De acordo com Lutero, a salvação do homem ocorria pelos atos praticados em vida e pela fé. Em suas teses, condenou ainda o culto à imagens e revogou o celibato. 
Embora tenha sido contrário ao comércio, teve grande apoio dos reis e príncipes da época. Os nobres alemães temiam que Carlos V (Rei da Espanha) colocasse em prática o seu projeto expansionista de anexar a Alemanha.

*A Reforma Anabatista

Local: Sacro Império Romano Germânico (Alemanha)
Formulador: Tomas Müntzer
Questão principal da reforma: econômica e social
Apoio: camponeses

Este movimento se caracteriza por ser social-religioso. Contra os luxos da Igreja Católica, os anabatistas defendiam a distribuição de terras e riquezas dos nobres aos mais pobres. Eram contrários ao batismo no nascimento.
Formado por pobres camponeses, os anabatistas foram massacrados pelos nobres alemães luteranos.

*A Reforma Calvinista

Local: França
Formulador: João Calvino
Questão principal da reforma: econômica
Apoio: burguesia

Em 1534, João Calvino se tornou simpatizante do luteranismo e liderou a reforma protestante na França, com peculiaridades bem marcantes. De acordo com Calvino, a salvação da alma ocorria pelo trabalho justo e honesto. Essa idéia calvinista, atraiu muitos burgueses e banqueiros que não se sentiam à vontade com a condenação do lucro feita pelo catolicismo. Muitos trabalhadores também viram nesta nova religião uma forma de ficar em paz com sua religiosidade.
Calvino elaborou a teoria da predestinação que a grosso modo, significa que alguns homens nascem predestinados a trabalhar duro e vencer na vida, numa clara demonstração de apoio a burguesia e ao lucro.
Os calvinistas tinham regras de conduta muito rígidas. Condenavam por exemplo, bebidas alcoólicas, música alta, roupas pouco recatadas e gastos fúteis.

*A Reforma Anglicana

Local: Inglaterra
Formulador: Henrique VIII
Questão principal da reforma: política
Apoio: nobreza

Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com o papado, após este se recusar a cancelar o seu casamento. Casado com Catarina de Aragão (Espanha), Henrique VIII não tinha mais interesses de manter o casamento, visto que a Espanha se apresentava como principal concorrente da Inglaterra no comércio ultramarino. Henrique VIII funda assim, o anglicanismo que aumenta seu poder e suas posses, já que retirou da Igreja Católica uma grande quantidade de terras.


  Na prática, os princípios do anglicanismo pouco se diferenciam dos do catolicismo.

- A Contra-Reforma

Preocupados com os avanços do protestantismo e com a perda de fiéis, bispos e papas reúnem-se através do Concílio de Trento(1545-1563) com o objetivo de traçar um plano de reação. No Concílio de Trento ficou definido: 

- Criação da Cia. De Jesus para catequização dos habitantes de terras recém-descobertas (Novo Mundo).
- Retomada do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição)1
- Criação do Index – listagem de livros proibidos.
- Moralização do clero, fim das indulgências e criação de seminários.

Intolerância

Em muitos países europeus as minorias religiosas foram perseguidas e muitas guerras ocorreram, frutos do radicalismo. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por exemplo, colocou católicos e protestantes em guerra na Alemanha, entendendo o conflito por várias partes da Europa. Na França, o rei mandou assassinar milhares de calvinistas (chamados huguenotes na França) na chamada Noite de São Bartolomeu (1542). Na América, índios forma obrigados a se converter ao catolicismo. Milhares de protestantes se aventuraram rumo ao Novo Mundo (especialmente América do Norte) para fugir do Tribunal do Santo Ofício.
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